segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O ROCK’N’ROLL DOS ANOS 50: A REVOLUÇÃO EM FORMA DE MÚSICA


O Rock’n’Roll (termo formado pelas palavras inglesas “rock” – balançar, sacudir – e “roll” – rolar), surgiu oficialmente em meados dos anos 50 do século passado (ou seja, o grande símbolo da juventude já é um senhor de 60 anos). Seu nome se deve ao DJ norteamericano Alan Freed, que promovia festas intituladas “Rock and Roll Moondog Parties”, algo como “Festas do Moondog para Balançar e Rolar (Moondog pode ser entendido como “cachorro que uiva para a Lua”, e era um apelido do próprio Alan Freed). A música promovida por Freed em suas festas, então, passou a ser conhecida como “Rock’n’Roll Music”. Posteriormente, teve seu nome reduzido para “Rock’n’Roll e, finalmente, para apenas “Rock”.
Considera-se como a data de inauguração do Rock’n’Roll o lançamento, em 1954, da canção “Rock Around the Clock”, por Bill Haley and His Comets. Na época, Bill Haley afirmou ter chegado à sonoridade do Rock’n’Roll acentuando o segundo e o quarto compassos da batida 4X4 da música Country. Além do próprio Country, contribuíram para a formação do Rock’n’Roll o Blues, e Jazz, O Folk, o Gospel, entre outros. A primeira geração do Rock’n’Roll contou com artistas como Chuck Berry, Jerry Lee Lewis (estes ativos e atuantes até hoje), Little Richards, Eddie Cochran, Carl Perkins e, claro, o Rei Elvis Presley, entre muitos outros.



Uma coisa que pouca gente percebe é que o Rock’n’Roll não é apenas o estilo musical que escreveu a história da música mundial na segunda metade do século XX, e que a continua escrevendo até os dias de hoje. O Rock’n’Roll foi toda uma revolução cultural, que influenciou o modo das pessoas se vestirem e se comportarem. Na verdade, podemos dizer que o Rock’n’Roll criou o conceito de “juventude”. Até os anos 1950, esse conceito era virtualmente inexistente, e passava-se da infância diretamente para a idade adulta. As roupas das crianças eram as mesmas dos adultos, apenas alguns números menores, e em alguns casos as calças só iam até o joelho. Mas de restos as crianças eram apenas adultos em miniatura, não somente nas roupas, mas também nos penteados e nos modos de se comportar. Com o Rock’n’Roll surgia o jovem, com sua identidade e especificidade próprias, diferenciando-se tanto de crianças quanto dos adultos. Blusões de couro, topetes, chicletes mascados meio de lado, a forma de dançar e de apertar as mãos, formavam a imagem hoje já clássica do Rock’n’Roll. Em termos de comportamento, o recém-nascido Rock’n’Roll trazia uma verdadeira revolução de costumes: uma música que se dançava com movimentos de quadris considerados extremamente sensuais, e canções com títulos como “Baby, Let’s Play House” (Benzinho, Vamos Brincar de Papai e Mamãe). Parece ingênuo para os dias atuais, mas imaginem essas coisas em um Estados Unidos de sessenta anos atrás, repleto de puritanismo. Quase todas as revoluções culturais, sociais e políticas que aconteceram depois disso foram influenciadas, de alguma maneira, pelo Rock.
Outra grande revolução do Rock’n’Roll dos anos 50 foi colocar a musicalidade negra nas paradas de sucesso, em um país extremamente racista como os Estados Unidos. As primeiras canções de Rock’n’Roll traziam, em sua maioria, as mesmas estruturas harmônicas do Blues, que culminaram no célebre “Riff de Três Acordes”, marcas registradas do Rock’n’Roll posterior. Muitos dos primeiros artistas eram negros, como Chuck Berry, Little Richards e Chubby Checker. E mesmo cantores brancos mostravam sólidas influências da música negra. Jerry Lee Lewis, por exemplo, teve entre seus primeiros sucessos clássicos do Rhythm’n’Blues, canções até então só tocadas por negros em guetos negros. E Elvis Presley, para fazer seu Rock'n'Roll, misturava a musicalidade do Blues com os Spirituals que ele cantava na igreja durante sua infância (e os Spirituals, precursores do Gospel, têm origem negra, sendo criados pelos escravos que trabalhavam nas antigas plantações de algodão do sul dos Estados Unidos). Elvis cantava de tal maneira que, no início de sua carreira, quando ele só cantava no rádio, e seu rosto ainda não era conhecido, muita gente pensou que ele fosse negro.
Concluindo, o Rock’n’Roll extrapolou em muito a questão musical para se tornar uma das maiores expressões culturais da era contemporânea, influenciou outras formas de arte, e esteve sempre no esteio das revoluções sociais, culturais e políticas, sendo a principal trilha sonoras das grandes transformações, desde meados do século vinte até os dias de hoje.

Por Rodrigo Pereira Guimarães

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